Outro dia relembrei uma cena, presenciada há muitos anos, que
ficou gravada na minha mente.
Ao longe ouvíamos os ecos de uma gaivota
solitária sobrevoando a praia. O sol em seu esplendor, preparando-se para
partir, lançava raios que rebrilhavam no mar. As ondas preguiçosas e indolentes
tocavam a praia. Esse é o cenário que compõe minhas lembranças e
serve de pano de fundo para o meu relato.
O outono já se insinuava no ar e a praia estava quase deserta, talvez por ser mais afastada ou ser uma quarta-feira.
Nossa atenção foi atraída quando ele, ao sair da casa
fechou o portão e começou a caminhar calmamente, quase como se a areia da
praia fosse uma continuação da casa, um jardim particular.
O inusitado da cena era que ele usava robe e levava uma
taça em suas mãos. Champanhe, vinho quem dirá?
Sua tranquilidade mergulhando os pés na água do mar atraía olhares curiosos de que ele não se apercebia.
Até hoje me recordo da sensação de paz e harmonia que ele emanava.
E talvez o que mais tenha me impressionado foi seu gesto de
prazer em degustar o momento brindando à vida.
Esta cena me acompanhou por muitos anos como uma lembrança de um doce momento, em que as palavras não eram necessárias.
Uma pergunta surge em minha mente.
Será que apenas por um instante, o alcance do seu gesto foi
percebido?
Um beijo,
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