sábado, 3 de março de 2018

Um instante

Outro dia relembrei uma cena, presenciada há muitos anos, que ficou gravada na minha mente.

Ao longe ouvíamos os ecos de uma gaivota solitária  sobrevoando a praia. O sol em seu esplendor, preparando-se para partir, lançava raios que rebrilhavam no mar. As ondas preguiçosas e indolentes tocavam a praia. Esse é o cenário que compõe  minhas lembranças  e serve de pano de fundo para o meu relato.


O outono já se insinuava no ar e a praia estava quase deserta, talvez por ser mais afastada ou ser uma quarta-feira.

Entardecia, sentados no muro que traçava a fronteira entre o hotel e a areia, conversávamos.

Nossa atenção foi atraída  quando ele, ao sair da casa fechou o portão  e começou a caminhar calmamente, quase como se a areia da praia fosse uma continuação da casa, um jardim particular.


O inusitado da cena era que ele usava robe e levava uma taça  em suas mãos. Champanhe, vinho quem dirá?

Sua tranquilidade mergulhando  os pés  na água do mar atraía olhares curiosos de que ele não se apercebia.

Até hoje me recordo da sensação de paz e harmonia que ele emanava.

E talvez o que mais tenha me impressionado foi seu gesto de prazer em degustar o momento brindando à vida.

Esta cena me acompanhou por muitos anos como uma lembrança  de um doce momento, em que as palavras não eram necessárias.

Uma pergunta surge em minha mente.

Será que apenas por um instante, o alcance do seu gesto foi percebido?

Um beijo,


🌷  By Liv Jardim


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